Na década de 70 e 80, a Unijuí ( Universidade do Noroeste de Ijuí), desencadeo um projeto interdisciplinar, baseado numa metodologia dialética, a partir de estudo da realidade do educando. a concretude da prática docente era alicerçada em temas geradores organizados no jogo da vida - que considerava desde o espaço físico até as relações interpessoal e intrapessoal da vida do educando.
Muitos educadores fizeram parte desse processo;tive o privilegio de ter participando desse momento como aluna da Universidade e também como professora na região noroeste - município de Coronel Bicaco,um dos parceiros dessa proposta. E foi a partir daí que sempre pautei minha prática docente a partir da construção de saberes e também do levantamento de hipóteses.
Porém, quero afirmara que não basta somente a boa vontade do professor para que a reestruturação dê certo, embora a boa vontade seja fundamental! A concepção de educação, a necessidade de aprender, isto é, considerar a interlocução dos saberes. A clareza teórica-metodológica é fundamental para que o professor possa contextualizar os seus saberes, os saberes dos seus alunos.
A interdisciplinaridade deve superar a mera prática de justaposição de disciplinas em enclausuradas em si mesmas. deve acontecer de maneira em que cada uma se implique com as demais regiões do saber (Marques, 1993). Deve representar uma unidade que supere a fragmentação atual e passe a ser uma prática orientada por linhas temáticas e conceituais. Também deve ser compartilhada a responsabilidade de desenvolver habilidades em nossos alunos, pois hoje é frequente vermos alunos aprovados em disciplinas como geografia, história, filosofia e apresentarem deficit de leitura. Uma vez que a leitura do mundo precede a leitura das palavras. Entender que vivemos num mundo onde a informação encontra-se em mais de um suporte, portanto não mais só papel da escola "passar" conteúdos/informações é, sim o de refletir sobre os efeitos da mídia na cultural local, regional e mundo.
Desenvolver uma prática de ensino alicerçada no mundo do trabalho e também da cultura significa compreender que cada povo tem a sua própria cultura e que a mesma tem ligação com possibilidade concreta dos sujeitos possuírem uma identidade, no sentido de pertencimento e também significa que educamos para que cada individuo possa ter, em suas mãos, a definição dos caminhos de sua vida, percebendo os limites que lhe são impostos pela homogenização da grande mídia e pela ação concreta das grandes empresas. É interessante por dois motivos. Primeiro porque mesmo num mundo globalizado, as ideias universais só se concretiza, nos lugares e não no global, geral. Segundo , porque assim, podemos perceber que nossa ação pode ser efetiva e eficaz, dependendo do jogo de forças em que se insere, e que os homens podem não ser apenas cobaias ou partes de uma estrutura na qual não têm o direito de pensar e de tomar atitudes que lhes pareçam adequadas. Ao se reconhecer o lugar como parte de nossa vida, como um dado que nos permite criar uma identidade; a ideia de pertencimento, será possível agir para o grupo, e não apenas para servir a interesses externos.
( O texto foi desenvolvido com base num texto da professora Helena Callai - UNIJUÍ)